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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

OI, a vida é linda!

Hitler e Cristo
Publicado em 28/07/05 às 13:58

Por Nilton Santa Clara

Hoje fui ao cinema para ver o filme sobre as últimas horas de Adolfo Hitler. Fique impressionado com o que vi. Não tive nenhuma simpatia pelo personagem principal. Mas o que mais me chamou a atenção foi a devoção das pessoas que o cercavam.

Os generais tinham uma devoção a personalidade de Hitler fora do comum. Fiquei pensando como pessoas podem levar um líder tão a sério a ponto de tirar a própria vida.

Hitler ordenou ao seus subordinados que não se redessem e que a rendição seria uma traição. Pensei que a fidelidade a Hitler era mediante a ameaça de fuzilamento.

Mas, quando Hitler tirou a própria vida, os oficiais executaram sua ordem póstuma. Muitos tomaram veneno e outros atiraram em suas cabeças.

Fiquei minutos depois do filme tentando entender porque alemães que tinham, talvez, a melhor “educação” do mundo civilizado poderia praticar tal barbárie.

Pois a Alemanha é a pátria madre da filosofia e da teologia moderna. Lá é o lugar de Hegel que é o grande cérebro da filosofia de todos os tempos.
É a pátria Lutero um dos maiores pensadores da história.

Como o povo “supra sumo” da modernidade e toda civilização poderia erigir um altar de cinqüenta milhões de pessoas assassinadas? Cinqüenta é um numero que pode indicar uma estatística. Foram cinqüenta milhões de seres humanos com nome, endereço, família, religião, sentimentos, sonhos, idéias!

Como o homem pode chegar ao mal absoluto? Onde estava Deus? Na minha alma nascia por segundos uma sensação do nada. Asco! A falta de sentido me assaltou. Num instante me senti suspenso no ar num abismo sem fundo. Tal barbárie é inominável. Logo minha alma foi assaltada por imagens de um outro filme.

Lembrei do filme Cruzada que é outra barbárie. Em nome de “Deus” milhões foram mortos em nome de um pedaço de chão. Parei e pensei. Perguntei para mim mesmo o que tinha a ver o filme cruzada com Hitler.

De repente tudo se encaixou: religião! Esse era o elo. Tanto as Cruzadas como a Segunda Grande Guerra foram feitas em nome de “Deus”.

Hitler tinha apoio dos protestantes e católicos alemães. É claro que muitos, a exemplo de Paul Tillich, se rebelaram e denunciaram o regime de Hitler como um ídolo.

Mas, o fato é que Hitler tinha apoio da religião cristã. “Deus” foi invocado tanto pelos aliados, quangto pelos nazistas e fascistas. E quem vencesse teria a benção de “Deus”. Pois parece que o "Deus da cristandade" sempre está do lado de quem vence.

Em nome de “Deus” os povos ibéricos exterminaram quase que completamente os povos autóctones da América Latina.

Em nome de “Deus” protestantes dizimaram os índios norte-americanos por acharem que receberam uma revelação divina que dizia que aquela terra era a "terra da promessa" e, consequentemente, os nativos ocupantes da terra eram os filisteus, os inimigos de “Deus”.

Em nome de “Deus” o presidente dos Estados Unidos joga bomba na cabeça de milhares de inocentes. Em nome de “Deus” dizem que mais essa guerra é legítima. Simplesmente porque os E.U.A é protetor dos “queridinhos de Deus”, os judeus.

E o presidente dos EUA, se deixa fotografar orando em seu gabinete. Meu sentimento é de reprovação destas atitudes e não de um antiamericanismo.

Se tudo continuar como está a cristandade tornar-se-á instrumento do anticristo. È claro que estou falando da cristandade institucional que nasceu com Constantino e que se tornou uma religião de poder.

A Igreja de Cristo é imaculada e Santa, e não está dentro da minha concepção de cristandade. Penso que a cristandade é uma religião que se adequou ao poder desde mundo.

Jesus falou que o Seu Reino não é desde mundo. A verdadeira religião é vivência e transparência do Cristo ressureto em nossas vidas. Sua lei suprema é o amor. Não há inimigos no Reino de Deus e conseqüentemente não há legitimação de nenhuma guerra. O inimigo é objeto do amor de Deus e de Sua igreja.

Foi em meio a esse sentimento "nadificante", quase que ateu, que tive uma revelação. Nasceu a esperança! Há uma passagem na Bíblia que eu não entendia: “Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.” (Mt 24.5).

Eu ficava pensando como isso poderia acontecer? Afinal, como pessoas que temem a Deus podem ser enganadas? O texto diz que os falsos cristos agiriam em nome do Cristo. Eis a resposta! Tanto Hitler como as Cruzadas tiveram um caráter messiânico. Prometeram o reino aqui na Terra. Eram sistemas totalitários, absolutos. Apresentavam-se como realidade última, como a única voz de “Deus”.

Não é de graça que depois da Segunda Guerra mundial o pessimismo tomou conta de tudo. O ateísmo proliferou! Sartre foi seu maior representante. Nietzche acertou em cheio a sua profecia: “Deus está morto”, pois, o homem o matou.

Por isso que acho o ateísmo compreensível. Seus adeptos sabem que Deus, para existir, de fato, como realidade última, não pode ser o Deus da cristandade.

Esse Deus tem que realmente morrer e qualquer tentativa de ressurreição deve ser rechaçada. No filme Cruzada, os cruzados saíam da Europa e iam para a terra santa em busca de perdão de pecados.

Quando chegavam lá descobriam que, de fato, o Deus da cristandade morreu. Eram abandonados por “Deus” e pelos suseranos da época. Pobre Nietzche! Não foi o primeiro a constatar a morte de “Deus”. Realmente esse “Deus” que legitima a morte de milhões é um ídolo e,como tal, tem que ser derrubado.

Agora tenho que falar da revelação que recebi. Sou membro de uma igreja histórica reformada e evangélico de nascimento. Dói no meu coração ver o caminho que o mundo evangélico está tomando.

Há um texto na Bíblia que fala que o Cristo não está onde falam que Ele está. Grandes elocubrações teológicas destes dias dizem que Cristo está na Casa Branca, nas catedrais e nos grandes templos.

Ora, desconfiemos de todos que dizem falam "em nome Deus". Não há nada mais letal para a vida da Igreja do que a ação demoníaca de homens que se reúnem - em nome de Deus - e Lhe atribuem palavras que Ele jamais proferiu. Não passam de pessoas que se reúnem em interesse próprio. Gente que deseja o reino deste mundo. Ainda bem, que o Cristo disse que Seu Reino não é deste mundo.

Desta perspectiva, Conselhos e Assembléias de membros podem ser muito perigosos. Corre-se sempre o risco de achar que tudo o que é ali decidido é pura vontade de Deus.

Acho engraçado alguns sistemas de governo da Igreja afirmarem que a fidelidade ao sistema é correlato à fidelidade a Cristo.

Somente os frutos do Espírito podem testificar aqueles que realmente falam as palavras do Espírito Santo (Ef 5.22).

Eu confesso minha fidelidade a Cristo. Ele é meu Deus e Senhor. A partir de hoje não sigo mais o "Deus-ídolo" da cristandade. Esse ídolo tem que ser derrubado. Estou mais crente do Deus revelado em Jesus. Ele não está nas “casas brancas” e nas grandes catedrais. Ele está no deserto com o Seu povo. Está defendendo as pessoas da ira da cristandade. Está tocando nos leprosos, em cada vila, em cada beco. Pode ser visto no sorriso de cada criança.

Cristo é Deus face-a-face. É Deus que padece junto aos seus. É Deus que, encarnado, sofreu morte horrenda porque os hitleres de Sua época - ironicamente "em nome de Deus”, não suportaram a maior arma jamais inventada: o Seu amor.


http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?action=viewnews&id=179

3 comentários:

  1. Nilton, meu nome é Cleo. Eu postei no blog do Sr. Leonardo Boff e você me sujeriu que escrevesse um e-mail, mas não ficou claro se seria para você ou para Leonardo Boff, sendo assim, resolvi deixar aqui um comentário no seu blog. Sou a moça que nasceu intersexual e procuro contatar quem talvez possa me ajudar de alguma maneira. Preciso, Nilton.

    Grande abraço e aguardo feedback com e-mail se possível.
    Desde já muito obrigada...
    Luz e felicidade a você.

    Cleo.

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    Respostas
    1. Boa noite, Cleo! Desculpa, estou te respondendo com mais de seis meses de atraso. Esse blog estava desativado e somente agora acessei. Se você quiser posso tentar de ajudar. Sou filósofo cliníco e trabalho com terapia. Você não se importa de reenviar suas questões para que possamos juntos pensar em um possível saída. Abraço.

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